Um relatório do Tribunal de Contas da União (TCU) revelou que 4,4 milhões de famílias beneficiárias do Bolsa Família transferiram R$ 3,7 bilhões para casas de apostas em janeiro de 2025. O montante equivale a 27% dos R$ 13,7 bilhões pagos pelo programa naquele mês. O estudo não apresenta dados regionais ou estaduais sobre o uso do benefício em apostas.
De acordo com o levantamento, 21,8% dos lares atendidos tiveram algum integrante que realizou apostas online, considerando apenas plataformas autorizadas a operar no Brasil. O TCU identificou movimentações financeiras incompatíveis com a renda declarada por parte dos beneficiários, 20% das famílias apostadoras concentraram 80% dos valores, com casos que chegaram a movimentar até R$ 2 milhões em um único mês.
O tribunal apontou risco elevado de uso indevido de CPFs e contas de beneficiários em esquemas de fraude e lavagem de dinheiro. Entre os casos analisados, 2.818 famílias foram classificadas em situação “crítica” e de “alto risco social”, enquanto outras 23,3 mil estão em fase inicial de endividamento. No total, mais de 800 mil lares estão em vulnerabilidade financeira por causa das apostas.
Após a divulgação do relatório, o Ministério da Fazenda, por meio da Secretaria de Prêmios e Apostas (SPA), prorrogou por 30 dias o prazo para que as empresas de apostas bloqueiem cadastros de beneficiários do Bolsa Família e do Benefício de Prestação Continuada (BPC). A medida cumpre decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), que obriga o governo a impedir o uso de recursos de programas sociais em apostas online.
Maceió, 10 de novembro de 2025
