A oposição no Congresso está dividida quanto às propostas que tratam da remoção de conteúdos criminosos nas redes sociais. Uma ala mais radical, formada principalmente por bolsonaristas e parlamentares evangélicos, vê nas medidas um risco de “censura” e acusa o governo de se aproveitar do debate sobre exploração infantil para ampliar o controle sobre plataformas digitais como Instagram, TikTok e Facebook. Esse grupo defende que a remoção imediata de conteúdos denunciados abre brecha para perseguição política e tenta adiar a votação há pelo menos quatro anos.
Outro setor da oposição adota uma postura mais técnica. Parlamentares dessa ala consideram que é possível avançar em uma legislação que garanta a retirada de conteúdos relacionados à pedofilia e à exploração sexual de crianças e adolescentes sem que isso implique em censura. Eles defendem que o debate seja conduzido em audiências públicas e no Congresso, mesmo cientes de que enfrentarão resistência e ataques nas redes sociais.
As divergências internas não são novas, mas ganharam maior visibilidade diante da intensificação das denúncias de sexualização infantil na internet. Antes, a discussão passava despercebida, mas agora se tornou central nas disputas políticas e ideológicas dentro da oposição. O embate reflete não apenas diferenças de estratégia, mas também de posicionamento sobre a relação entre liberdade de expressão e responsabilidade das plataformas digitais.
Nesse contexto, a senadora Damares Alves (Republicanos-DF) já foi alvo de críticas de colegas de direita ao propor a criminalização de perfis anônimos nas redes sociais, com o argumento de que a medida facilitaria investigações contra crimes envolvendo crianças e adolescentes. A sugestão foi vista por parte da oposição como um alinhamento ao chamado “centrão”, o que reforça as tensões sobre o tema e evidencia a dificuldade em unificar posições no bloco oposicionista