Durante o lançamento do programa Gás do Povo, na última quinta-feira (4), em Belo Horizonte (MG), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fez declarações que chamaram atenção pelo tom polêmico. Ao falar sobre desigualdade social, Lula afirmou que “um país, para dar certo, precisa garantir que muitos tenham pouco dinheiro”, em contraposição ao modelo em que “poucos concentram muito”.
Segundo o presidente, a lógica do discurso está na ideia de distribuição mínima de renda para que a população mais pobre tenha acesso a necessidades básicas. “Os ricos não precisam do país, os ricos, quando vão pegar dinheiro, pegam logo muito, mas o pobre precisa de pouco dinheiro. É por isso que eu digo: um país para dar certo, ele precisa garantir que muitos tenham pouco dinheiro, ele está errado quando [precisa garantir que] poucos tenham muito dinheiro”, declarou Lula.
Em seguida, o petista reforçou sua linha de raciocínio, tradicionalmente marcada pela defesa da luta de classes, afirmando que a concentração de riqueza em poucos implica na exclusão da maioria. “Se poucos tiverem muito dinheiro, significa que a maioria não tem, e se muitos tiverem pouco dinheiro, todo mundo tendo um pouco a gente não vai precisar criar programa de dar gás de graça, a gente vai fazer com que vocês tenham dinheiro para comprar o gás de vocês”, disse.
O programa Gás do Povo tem como objetivo subsidiar o preço do botijão de gás de cozinha para famílias em situação de vulnerabilidade. Apesar da proposta de impacto social, a fala do presidente acabou gerando debates acalorados sobre sua interpretação da distribuição de renda e sobre a eficácia de programas assistenciais no combate à desigualdade no país.