Documentos obtidos pelo portal Metrópoles mostram que o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) foi notificado, ao longo dos últimos sete anos, sobre descontos irregulares em aposentadorias e pensões por, pelo menos, quatro órgãos de fiscalização. O primeiro alerta partiu do Ministério Público Federal (MPF), em 2018, quando o então superintendente do INSS em São Paulo, José Carlos Oliveira, que depois se tornaria ministro da Previdência no governo Jair Bolsonaro (PL), foi informado oficialmente sobre a prática.
Durante sessão no Senado, realizada na última quinta-feira (11), o senador Fabiano Contarato (PT-ES) exibiu o documento do MPF e cobrou explicações de Oliveira, hoje conhecido como Ahmed Mohamad. A oitiva revelou que, mesmo após a notificação inicial, os problemas persistiram e continuaram a ser ignorados pela autarquia.
Em 2019, o Procon de São Paulo reforçou as denúncias ao INSS, após registrar reclamações contra empresas e associações que realizavam descontos abusivos nos benefícios de aposentados, em parceria com seguradoras. O então presidente do INSS, Renato Vieira, chegou a prometer medidas contra as entidades envolvidas em reunião que contou com a presença do ex-ministro da Justiça, Sergio Moro.
Apesar dos alertas, a prática continuou e resultou em prejuízos bilionários aos segurados. Associações arrecadaram até R$ 2 bilhões em um ano com os descontos irregulares. As revelações motivaram investigações da Polícia Federal e da Controladoria-Geral da União, culminando na Operação Sem Desconto, que levou à queda do presidente do INSS e do então ministro da Previdência, Carlos Lupi.