O partido União Brasil determinou nesta quinta-feira (18) que todos os seus filiados que ocupam cargos no governo Lula deixem os postos em até 24 horas. A decisão, assinada pelo presidente da sigla, Antônio Rueda, ameaça enquadrar como infiéis aqueles que descumprirem a ordem, o que pode levar à perda de mandato. A medida atinge diretamente o ministro do Turismo, Celso Sabino, integrante do primeiro escalão do governo e filiado ao partido.
A resolução antecipa o prazo de 30 dias anunciado no início de setembro, quando União Brasil e PP decidiram romper com o governo federal. Agora, o União oficializa o desembarque e pressiona seus quadros a abandonar a administração petista imediatamente. A determinação também amplia o racha interno no partido, que tem alas próximas ao Planalto e outras ligadas à oposição, como o governador de Goiás, Ronaldo Caiado, pré-candidato à Presidência em 2026.
A decisão ocorre em meio a denúncias envolvendo o nome de Rueda. A Polícia Federal apura se ele seria o dono oculto de jatos usados por integrantes do crime organizado, segundo depoimento de um piloto. Embora a corporação afirme que Rueda não é formalmente investigado, o dirigente classificou a situação como uma “campanha difamatória com pano de fundo político”, sugerindo uso da máquina pública para atacá-lo após o rompimento com o governo.
Em nota oficial, o União Brasil declarou “profunda estranheza” pelo surgimento das acusações pouco depois da orientação para seus filiados deixarem o governo. “Tal ‘coincidência’ reforça a percepção de uso político da estrutura estatal visando desgastar a imagem da nossa principal liderança”, diz o comunicado. A legenda, junto ao PP, forma a maior bancada da Câmara dos Deputados, com 108 parlamentares, e a segunda maior do Senado.