Um morador do Distrito Federal viu a compra de um carro se transformar em pesadelo jurídico por causa do maior escândalo político recente do país: os atos de 8 de Janeiro. Ele adquiriu, em 2022, um Peugeot 207 de um coronel da Polícia Militar do DF, pagando R$ 20,5 mil. Mas como não transferiu o veículo a tempo, acabou arrastado para dentro do processo que investiga a omissão de militares na tentativa de golpe.
O problema é que o vendedor, coronel Paulo José Ferreira de Sousa Bezerra, virou réu no Supremo Tribunal Federal (STF) e teve seus bens bloqueados por determinação do ministro Alexandre de Moraes, relator do caso. Com isso, a Justiça considerou que o carro ainda pertencia ao oficial preso em agosto de 2023 e congelou qualquer possibilidade de transação.
O comprador tentou se defender e pediu liminarmente que o bem fosse desbloqueado, alegando que havia feito a negociação antes da decisão judicial. Mas, segundo Moraes, a defesa não apresentou provas suficientes: não havia recibos, comprovantes de pagamento ou evidência da posse regular do veículo. Resultado: o Peugeot continua sob restrição.
Na prática, o civil que apenas queria um carro popular de segunda mão acabou punido por uma guerra jurídica que envolve crimes antidemocráticos, destruição de patrimônio público e a omissão de autoridades militares. Enquanto o STF mantém o bloqueio, o episódio expõe como os efeitos do 8 de Janeiro ainda respingam em inocentes e como até um simples automóvel pode virar peça de um jogo político explosivo.