O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) determinou sigilo de cinco anos sobre dois telegramas diplomáticos que tratam dos empresários Joesley e Wesley Batista e dos negócios da JBS nos Estados Unidos. A decisão ocorre em meio às negociações para tentar reverter o tarifaço de 50% imposto pelo presidente Donald Trump à carne brasileira e a outros produtos. A informação foi revelada nesta sexta-feira (24) pelo jornal O Globo e confirmada pela Gazeta do Povo.
O pedido de acesso aos documentos foi feito com base na Lei de Acesso à Informação (LAI) e direcionado ao Ministério das Relações Exteriores (MRE). Dos três telegramas que mencionam a JBS e os irmãos Batista, apenas um foi liberado. Os outros dois foram classificados como “reservados”, com sigilo válido por cinco anos. Em nota, o Itamaraty afirmou seguir “integralmente” as normas da lei 12.527, especialmente o artigo que trata da classificação de informações quanto ao grau e prazos de sigilo.
A divulgação parcial dos documentos ocorre às vésperas da reunião entre Lula e Trump, prevista para este fim de semana em Kuala Lumpur, durante o encontro da Associação das Nações do Sudeste Asiático (Asean). O governo brasileiro espera discutir o impacto das tarifas sobre a carne nacional e buscar uma revisão das medidas. “Tenho todo interesse nessa reunião, mostrar que houve equívoco nas taxações, mostrar com números”, disse o presidente.
O único telegrama tornado público, datado de 26 de agosto, é assinado pela embaixadora Maria Luiza Ribeiro Viotti e apresenta uma análise sobre o efeito do tarifaço nos preços da carne bovina nos EUA. A JBS ainda não se pronunciou sobre o conteúdo dos documentos ou sobre as negociações em curso.



