Nos jogos clássicos de baralho do nordeste brasileiro — como Buraco, Relancinho, Pife-pafe ou Caxeta — o “Melé” (carta coringa) entra como a carta mais forte, podendo substituir qualquer outra para formar combinações vencedoras.
Aplicando a analogia à política local, JHC se apresenta como a peça-chave do tabuleiro eleitoral alagoano. Com forte densidade eleitoral na capital e potencial expansão para as demais regiões do estado, o prefeito João Henrique Caldas ainda não revelou os jogos de cartas em suas mãos.
Em uma eventual candidatura ao Governo do Estado, JHC enfrentaria o ministro Renan Filho, e, para alguns observadores da política local, o embate seria comparável a um CSA x CRB em final de campeonato.
Vale destacar, contudo, que JHC representa um dos principais nomes da chamada “nova política”. Sua gestão à frente da prefeitura de Maceió é reconhecida por ser inovadora e arrojada, o que lhe confere forte densidade eleitoral na região metropolitana. Dados do TRE, referentes a julho de 2024, mostram que os 13 municípios da Grande Maceió — Maceió, Rio Largo, Marechal Deodoro, Barra de Santo Antônio, Pilar, Paripueira, Coqueiro Seco, Santa Luzia do Norte, Satuba, Messias, Atalaia, Barra de São Miguel e Flexeiras — somavam juntos, à época, aproximadamente 800 mil eleitores. Uma vitória expressiva na região metropolitana o colocaria em uma posição de vantagem quase irreversível, consolidando sua liderança e enfraquecendo qualquer tentativa de reação dos adversários.
Em outro cenário, caso opte por disputar o Senado da República, JHC poderia embaralhar o tabuleiro político atual, deixando nomes como Alfredo Gaspar, Davi Filho, Ítalo Bonja e Arthur Lira fora da “bola dividida”. O raciocínio é simples: com JHC de um lado e o senador Renan Calheiros do outro, a porta estaria fechada, ou seja, os demais pensariam duas vezes antes de entrar em campo.
Permanecer na prefeitura, por sua vez, parece improvável — ou, melhor dizendo, é carta fora do baralho. A história recente mostra que essa escolha pode significar um atalho para o ostracismo político, como demonstraram os casos de Rui Palmeira e Cícero Almeida.
Ainda assim, sua permanência poderia fortalecer uma bancada expressiva de deputados estaduais e federais aliados, inclusive com vínculos familiares, além de favorecer a reeleição de sua mãe, a senadora Eudócia Caldas. Há também quem avalie a possibilidade de uma aposta mais ousada, com o nome da primeira-dama Marina Candia. Carismática, Marina desponta como uma figura promissora no cenário político. Pesquisas recentes indicam números surpreendentes: ela já aparece bem-posicionada, próxima de nomes tradicionais como Renan Calheiros, Alfredo Gaspar, Davi Filho e Arthur Lira.
Por outro lado, em um jogo tão imprevisível quanto o poker, JHC já teve seu nome lembrado ao lado de figuras da política nordestina, ao exemplo de, ACM Neto, Ciro Nogueira, Raquel Lira e Ciro Gomes, para compor em uma possível indicação de vice-presidente em uma chapa de centro-direita nas eleições de 2026.
Em qualquer cenário, JHC tem potencial para sair gigante da eleição. Diferente do Truco, onde o jogador finge ter uma mão forte e grita “TRUCO!” para intimidar o adversário, JHC não pratica o verbo “blefar”: sua estratégia é firme, direta e de impacto real.
Fonte: Correia da Rua
Texto: Serginho Alencar



