A Polícia Federal identificou fortes indícios de que o esquema criminoso de descontos indevidos em benefícios previdenciários estava em pleno funcionamento durante a gestão de José Carlos Oliveira como ministro do Trabalho e Previdência do governo Jair Bolsonaro. Oliveira, que também presidiu o INSS, tornou-se o principal alvo da operação por sua influência nos cargos de comando. Segundo os investigadores, sua posição estratégica permitiu que a organização criminosa mantivesse e ampliasse a fraude.
Documentos analisados pela PF indicam que Oliveira teria recebido propinas por meio de empresas de fachada administradas por Cícero Marcelino de Souza Santos, apontado como operador financeiro do grupo. Planilhas apreendidas mostram pagamentos intermediados por terceiros, enquanto mensagens de WhatsApp revelam agradecimentos do ex-ministro a Cícero após repasses suspeitos. Um dos registros, de fevereiro de 2023, aponta o pagamento de R$ 100 mil a “São Paulo Yasser”, apelido vinculado a Oliveira, que recentemente mudou seu nome para Ahmed Mohamad Oliveira. Nesta quinta-feira (13), o STF autorizou buscas contra ele e determinou o uso de tornozeleira eletrônica.
A investigação também destaca o papel do ex-ministro na expansão da fraude via Confederação Nacional dos Agricultores Familiares (Conafer). Em julho de 2021, quando era diretor de benefícios do INSS, Oliveira liberou R$ 15,3 milhões à entidade sem exigir comprovação das filiações previstas no Acordo de Cooperação Técnica. A liberação, feita em desacordo com as normas internas, permitiu que a confederação retomasse e ampliasse o esquema de descontos ilegais.
Como resultado, a prática se disseminou em larga escala, aparecendo em 30 listas irregulares e afetando mais de 650 mil benefícios previdenciários. A PF aponta que a atuação de Oliveira foi determinante para que o grupo operasse com eficácia e se blindasse dentro da estrutura pública.



