O ex-presidente do INSS Alessandro Stefanutto utilizou uma pizzaria, uma imobiliária e um escritório de advocacia para lavar dinheiro, segundo relatório da Polícia Federal enviado ao Supremo Tribunal Federal. No documento, a PF também pediu a prisão de Stefanutto, que foi detido nesta quinta-feira por ordem do ministro André Mendonça.
Indicado por Carlos Lupi (PDT) para comandar o INSS no governo Lula, Stefanutto recebeu da PF um papel central no esquema. De acordo com a investigação, ele era identificado pelo codinome “O Italiano” dentro da organização criminosa e atuava como facilitador político-institucional na celebração de contratos fraudulentos com a Conafer (Confederação Nacional de Agricultores Familiares e Empreendedores Familiares Rurais), entidade suspeita de falsificar assinaturas para desviar recursos de aposentados.
No trecho da decisão obtido, Mendonça detalha os elementos apresentados pela Polícia Federal. “Ficou claro que, em troca de sua influência, Stefanutto recebia propinas recorrentes utilizando diversas empresas de fachada para ocultar os valores (lavagem de dinheiro), como Stelo Advogados e Associados, Delícia Italiana Pizzas e Moinhos Imobiliária”, afirma o relatório.
A PF apontou ainda que, após Stefanutto assumir a Presidência do INSS, o valor mensal de sua propina “aumentou significativamente para R$ 250 mil”. Segundo os investigadores, os repasses “provinham diretamente do escoamento da fraude em massa da Conafer”.
Antes de ser nomeado para o comando do instituto, Stefanutto era procurador do INSS. Para a PF, ele integrava o núcleo político-institucional do grupo criminoso, responsável por garantir o funcionamento do esquema e assegurar sua impunidade atuando de dentro do próprio órgão público.


