O estudante de medicina Edcley Teixeira é acusado de montar um esquema para obter questões do Prêmio Capes Talento Universitário, que funciona como pré-teste do Enem, e utilizá-las para prever conteúdos da edição 2025. Documentos, mensagens e comprovantes de PIX mostram que ele oferecia R$ 10 por cada item memorizado por participantes do concurso, realizado em dezembro de 2024.
Nas conversas, Edcley pedia que os alunos registrassem o máximo de detalhes: imagens, enunciados e conteúdos. Ele não informava que as questões do prêmio podem futuramente compor o banco do Enem, algo nunca divulgado oficialmente pelo MEC. Com esse material, conseguiu exibir, em uma live dias antes do exame, ao menos cinco questões muito semelhantes às aplicadas na prova, o que levou o Inep a anular três itens e acionar a Polícia Federal.
Alunos relatam que acreditavam estar contribuindo com ideias para simulados. Um deles afirma que Edcley oferecia até ajuda com transporte para que participassem da prova. Em mensagens, o universitário garantia pagamento imediato e afirmava que a prática “não era errada”. Ex-colegas confirmam que ele instruía participantes a sair da prova e repassar o que lembrassem, já que o exame da Capes é feito em computador e não permite levar questões.
Com as informações, Edcley produziu apostilas e cursos vendidos por R$ 1.320, anunciando “novas questões pré-testadas que podem cair no Enem”. Em conversa com um aluno, disse ter “dezenas de questões difíceis guardadas na memória”.
Procurado, o estudante não respondeu. Seus advogados afirmam que ele está à disposição da Justiça e negam qualquer ato ilícito. O Inep informou que houve “similaridades pontuais” entre itens divulgados e a prova, embora nenhuma questão tenha sido replicada integralmente. Foram anuladas as perguntas relacionadas à fotossíntese, ao quadro O Grito e ao parcelamento de R$ 60 mil.



