A divulgação dos rascunhos da COP30 nesta sexta-feira (21) provocou forte reação de organizações, especialistas e governos que esperavam textos mais ambiciosos. O governo brasileiro vinha articulando a criação de um “mutirão global” e de um mapa do caminho para reduzir a dependência de combustíveis fósseis, proposta que nunca entrou oficialmente na agenda devido à resistência de alguns países.
Mais de 30 nações, entre elas Colômbia, França, Reino Unido e Alemanha, afirmaram que não apoiarão um texto final que não inclua um roteiro claro, justo e ordenado para abandonar os combustíveis fósseis.
O Observatório do Clima classificou o “Pacote de Belém” como “desequilibrado e com furos inaceitáveis”, ressaltando que as causas da crise climática foram ignoradas. O Greenpeace disse que as metas para 2035 estão muito aquém do necessário e que o texto do Mutirão é praticamente inútil, defendendo que seja devolvido à presidência para revisão.
A ministra do Meio Ambiente da Colômbia, Irene Vélez Torres, afirmou ter vivido “uma grande decepção”, denunciando a ausência de um plano de eliminação progressiva dos fósseis e de mecanismos de transparência no financiamento climático.
Para o movimento global do Tratado sobre Combustíveis Fósseis, a falta de medidas concretas para limitar a produção de carvão, petróleo e gás reforça a urgência de um acordo específico sobre o tema. No mesmo tom, o Instituto Talanoa considera o rascunho “fraco e vago”, por retirar referências diretas ao abandono dos combustíveis fósseis.
O Pavilhão de Ciência Planetária, com cientistas como Carlos Nobre, Thelma Krug e Johan Rockström, afirmou que a exclusão do tema representa uma “traição à ciência e às pessoas mais vulneráveis”. Segundo eles, é impossível conter o aquecimento global sem eliminar gradualmente os combustíveis fósseis.
Carlos Nobre disse revelou que espera que o documento seja apenas preliminar: “É inaceitável deixar de fora a necessidade de zerar os combustíveis fósseis”.


