A decisão do decano do STF, ministro Gilmar Mendes, que barrou a abertura de processos de impeachment contra ministros da Corte no Senado, repercutiu fortemente na Câmara dos Deputados e pode influenciar movimentos internos envolvendo parlamentares condenados pelo Supremo. Entre os casos mais sensíveis está o da deputada Carla Zambelli (PL-SP), atualmente presa na Itália e com o mandato em risco após condenação. O novo entendimento do STF elevou a cautela dos deputados sobre votações que possam tensionar ainda mais a relação entre Legislativo e Judiciário.
Antes da decisão, havia expectativa de que a CCJ rejeitasse o parecer do relator Diego Garcia (Republicanos-PR), que recomendou a absolvição de Zambelli e a manutenção de seu mandato. Com o cenário alterado, parlamentares avaliam que a posição da Corte fortalece o movimento pró-cassação, reduzindo o espaço político para sustentar a deputada bolsonarista no cargo.
A movimentação não se restringe ao caso de Zambelli. A ordem do STF para a perda do mandato do deputado Alexandre Ramagem (PL-RJ), condenado por tentativa de golpe de Estado, também deve ser enviada à CCJ nos próximos dias. Ramagem está nos Estados Unidos, e, na avaliação de deputados, tem mais chances de preservar o mandato do que Zambelli, sobretudo porque a Câmara já havia tentado barrar anteriormente o avanço da ação contra ele, decisão posteriormente revertida pelo próprio Supremo.
Com o novo entendimento firmado por Gilmar Mendes, líderes partidários avaliam que a Câmara entra em uma fase de maior escrutínio e menor margem de manobra diante de determinações do STF. Nos bastidores, o sentimento é de que qualquer movimento que pareça confrontar a Corte pode gerar reação imediata, influenciando diretamente o destino de Zambelli, Ramagem e de futuros casos envolvendo parlamentares.



