Segundo o Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania. As denúncias vão de agressões físicas e ameaças a perseguições e constrangimentos. Só Maceió concentrou 222 registros — quase metade do total estadual —, evidenciando a persistência de um problema estrutural. O estado manteve, ainda, taxa de feminicídio de 1,3 por 100 mil mulheres, indicador que pouco se moveu nos últimos anos.
A maior parte das vítimas é negra ou parda, e o lar continua sendo o principal cenário da violência, espaço que deveria representar segurança. Para o delegado Arthur César, da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa, a violência de gênero segue como principal motivação dos feminicídios. “Alguns casos se enquadram claramente nessa tipificação, outros envolvem contextos criminosos específicos, mas a essência permanece: a mulher ainda é morta por ser mulher”, afirmou.
Segundo o delegado, o perfil das vítimas pouco mudou. A violência, diz ele, é reflexo de uma sociedade desigual e hostil. “Não há alteração no padrão. O que vemos são coincidências de casos graves que acabam ganhando destaque”, pontuou. Essa constância, porém, revela o quanto o problema deixou de ser pontual para se tornar parte de um cotidiano alarmante e normalizado.
Entre os casos recentes, estão os de Luana, Ketyni, Jéssica, Cryslaine e sua filha de meses que chocaram o estado. Cryslaine e sua filha, de 19 anos e 2 meses, respectivamente foram assassinadas por um amigo da família que mantinha um relacionamento com seu companheiro. Jéssica Daiane, de 20 anos, desaparecida desde 16 de outubro, foi encontrada morta dias depois — a polícia apura se o crime tem relação com o tráfico ou se foi feminicídio. Luana, 27, foi encontrada sem vida em casa; e Ketyni, enfermeira, morta por asfixia, teria sido assassinada pelo ex-marido. Histórias diferentes, unidas por um mesmo enredo de violência, descuido e silêncio social.
Maceió, 24 de outubro de 2025
