Ao adiar a sessão do Congresso que analisaria 63 vetos presidenciais, o presidente da Casa, Davi Alcolumbre (União-AP), atendeu a um pedido do Palácio do Planalto e evitou uma derrota política para o governo. A decisão reforçou o papel de Alcolumbre como principal articulador do Executivo no Legislativo e coincidiu com o momento em que ele atua para emplacar Rodrigo Pacheco (PSD-MG), seu aliado e presidente do Senado, na vaga aberta no Supremo Tribunal Federal (STF).
Nos bastidores, o gesto foi interpretado como uma demonstração de força do senador amapaense, que tem ampliado sua influência sobre o ritmo das votações e buscado consolidar-se como mediador entre Planalto e Congresso. Alcolumbre também assumiu a dianteira das negociações sobre a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), marcada por tensões em torno do pagamento antecipado de emendas parlamentares, ponto que pode engessar o Orçamento de 2026 e limitar a margem de manobra do governo Lula.
O adiamento ocorreu em meio à falta de consenso sobre os vetos ligados ao licenciamento ambiental, tema que opõe o governo à bancada ruralista. A gestão Lula argumenta que os vetos preservam a segurança jurídica e evitam retrocessos ambientais, enquanto a Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) defende a autonomia dos estados para definir regras próprias. Sem acordo, o Planalto teme que uma eventual derrubada total dos vetos resulte em uma ação no STF e exponha o Brasil a críticas internacionais por fragilizar sua política ambiental.