A CPMI do INSS viveu um dos momentos mais polêmicos desde a sua instalação. Durante a sessão desta terça-feira (18), o relator Alfredo Gaspar (União-AL) surpreendeu os parlamentares ao revelar, ao vivo, o possível paradeiro de Carlos Roberto Lopes, presidente da Conafer e apontado como um dos principais articuladores das fraudes bilionárias contra aposentados.
Gaspar afirmou ter recebido “seis e-mails insistentes” indicando que Lopes estaria escondido na Terra Indígena Caramuru-Paraguassu, no sul da Bahia. A divulgação pública da informação, feita diante das câmeras e dos demais membros, provocou reação imediata do deputado Alencar Santana (PT-SP), que classificou a atitude como um erro grave. “Eu só espero que o senhor Carlos Lopes não esteja assistindo esta CPMI, porque depois dessa informação ele deve continuar a fuga. É como o gato avisando o rato: ‘estou chegando aí’”, ironizou Santana, que disse estar “perplexo” com a situação.
Alencar ainda lembrou que Lopes é amigo íntimo de um senador membro da própria CPMI, insinuando possível blindagem política. O episódio, segundo ele, compromete o trabalho da comissão e pode atrapalhar investigações da Polícia Federal.
Diante da repercussão, Alfredo Gaspar tentou se justificar, dizendo que a fala seria parte de uma “contrainformação” para induzir o suspeito ao erro, mas admitiu que esqueceu de avisar os demais integrantes da CPMI. “Na pressa, acostumado com investigação, esqueci que estava num colegiado. Peço perdão. Era uma contrainformação pré-engendrada”, afirmou. Santana rebateu, e ambos protagonizaram um embate tenso em plenário.
Enquanto o suspeito segue foragido, a Conafer divulgou nota dizendo que Carlos Lopes pretende se entregar à Polícia Federal para cumprir a prisão preventiva determinada pelo ministro do STF André Mendonça.
O episódio escancarou a divisão entre os parlamentares e adicionou mais um ingrediente explosivo à CPMI, que já investiga o maior esquema de fraude contra aposentados da história recente.


