Em uma demonstração rara de consenso no Congresso, a Câmara dos Deputados aprovou por unanimidade, na última quarta-feira (1º), a aguardada reforma do Imposto de Renda. O projeto, que amplia a faixa de isenção para até R$ 5 mil mensais e cria um imposto mínimo efetivo para os mais ricos, recebeu 493 votos favoráveis e nenhum contrário — resultado considerado uma vitória expressiva para o governo.
A aprovação, no entanto, foi também um reflexo direto da habilidade política do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), que assumiu a relatoria do projeto e conduziu as negociações com firmeza e pragmatismo. A articulação de Lira foi decisiva para assegurar o apoio tanto da base governista quanto da oposição. Sua capacidade de diálogo e perfil conciliador permitiram construir um acordo amplo em torno da proposta, inclusive com a retirada de todos os destaques que poderiam desfigurar o texto, especialmente em pontos sensíveis como as compensações fiscais.
Mesmo com a resistência inicial de setores mais conservadores e liberais, Lira conseguiu preservar os principais pilares da proposta enviada pelo governo, fazendo apenas ajustes pontuais e mantendo intacta a espinha dorsal da reforma — o que lhe rendeu elogios públicos dos ministros Fernando Haddad (Fazenda) e Gleisi Hoffmann (Relações Institucionais).
Com a Câmara ainda lidando com o desgaste da chamada “PEC da blindagem”, o consenso em torno da reforma serviu como uma resposta institucional positiva. Arthur Lira, ao garantir a unanimidade da votação, reafirmou sua posição como uma das figuras mais influentes do Congresso, mostrando que sua liderança transcende as divisões partidárias e é capaz de unir interesses distintos em torno de um objetivo comum.



