Durante reunião de líderes nesta terça-feira (2), partidos como Republicanos, União Brasil, PP e até setores do PSD passaram a apoiar a proposta de anistia ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). A expectativa é que o projeto seja discutido novamente na semana que vem, mas só chegue ao plenário da Câmara após a conclusão do julgamento de Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal (STF), previsto para se estender até meados de setembro.
Nos cálculos do Centrão, há cerca de 350 votos favoráveis à medida. Ainda assim, o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), tem sinalizado que só pretende pautar o tema se houver aval do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP). A articulação ganhou força após a saída oficial de União Brasil e PP do governo Lula e diante da possibilidade cada vez mais concreta de uma candidatura presidencial de Tarcísio de Freitas (Republicanos) em 2026.
Segundo apuração, a possibilidade de anistia foi discutida em encontro entre Bolsonaro e o ex-presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), na última segunda-feira (1º). Lira teria sugerido ao ex-mandatário que o caminho ficaria mais fácil se ele abrisse mão de disputar as eleições presidenciais de 2026. Mesmo que aprovada, a medida não garantiria retorno imediato de Bolsonaro às urnas, já que ele segue inelegível até 2030. Esse cenário abriria espaço para Tarcísio despontar como candidato competitivo da direita.
A articulação, porém, enfrenta resistência no campo governista. O líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias (RJ), criticou a movimentação e lembrou que já há decisão do Supremo que veda anistia para crimes contra o Estado Democrático de Direito. “É um desrespeito à Constituição Federal”, afirmou o parlamentar.