O subtenente da reserva do Exército James Cavalcante Ferreira registrou boletim de ocorrência nesta terça-feira (4) no CISP de Palmeira dos Índios (BO nº 00159019/2025) contra o secretário de Estado de Relações Federativas e Internacionais, Júlio Cezar, por mensagens de tom ameaçador e tentativa de coação. As conversas, trocadas via WhatsApp, foram certificadas em ata notarial pela tabeliã Leonela Otília Sauter Soares e anexadas ao procedimento policial lavrado pelo delegado José Rosivaldo Vilar da Silva.
Nos diálogos juntados aos autos, o secretário exige desculpas públicas e diz que usaria “o poder do Estado” para denunciar o militar “no comando do Exército, corregedoria, justiça militar”, caso não houvesse retratação. Em uma das mensagens, segundo o boletim e a ata, Júlio Cezar escreveu: “Peça desculpas ou eu vou usar o poder do Estado para denunciar muita coisa no comando do Exército, corregedoria, justiça militar… Ingrato safado!” Em outro trecho: “Eu sei o caminho de chegar ao Exército. Você não assinou frequência, você recebeu dinheiro público sem trabalhar. Peça desculpas!” e “tenho muitos amigos pelo Brasil, inclusive na Câmara dos Deputados. Eu vou à corregedoria e ao comando do Exército falar muita coisa sua.”
James Ferreira nega as acusações e afirma ter sido alvo de uma ofensiva motivada politicamente. “Trabalhei todos os dias e assinava minha frequência. Essa acusação é uma inverdade. Ele fala em oito anos, mas trabalhei apenas um ano e meio na prefeitura, com dedicação integral”, afirmou o subtenente, que também disse acreditar que as mensagens foram provocadas por críticas suas, em redes sociais, à gestão municipal. “Acredito que as mensagens foram uma tentativa de me intimidar por causa das críticas que fiz à gestão atual e à administração anterior dele. Mas eu não me calo diante de injustiças”, declarou.
A documentação anexada ao BO inclui prints das conversas, a ata notarial e registros que, segundo o denunciante, confirmam a autoria das mensagens pelo número vinculado ao gabinete do secretário. O caso ganhou contornos de contradição porque as acusações do secretário referem-se a um período em que ele próprio, enquanto prefeito, autorizou contratos e gestões municipais apontadas como objeto da crítica.
Procurado pela reportagem, Júlio Cezar limitou-se a responder por WhatsApp: “Eu vou responder a ele na Justiça.” Não houve, até o momento, apresentação de provas que corroborem as acusações feitas contra o subtenente, nem uma retratação formal em relação ao teor das mensagens.
Firmes em sua posição, James Ferreira afirmou que não será intimidado: “Não temo ameaças. Tenho 30 anos de serviço prestado ao Exército e nunca respondi a nada. Não vou aceitar que um agente público use seu cargo para tentar me calar.”
com informações do Tribuna do Sertão



