O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a solicitar ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, a revisão das tarifas aplicadas a produtos brasileiros. O pedido foi feito durante um telefonema de 40 minutos nesta terça-feira (2). Lula reconheceu a decisão americana de retirar a sobretaxa de 40% sobre itens como carne e café, mas afirmou que ainda há temas pendentes nas negociações. O governo brasileiro disse desejar “avançar rápido” no diálogo comercial.
A tarifa adicional havia sido anunciada por Trump em julho, sob a justificativa de “emergência nacional”. Na ocasião, o presidente americano alegou que políticas brasileiras estariam prejudicando empresas dos Estados Unidos. Trump também mencionou a suposta “perseguição” ao ex-presidente Jair Bolsonaro, então às vésperas de julgamento no Supremo Tribunal Federal. O gesto gerou tensão entre os dois países.
O cenário começou a mudar após o encontro entre Lula e Trump, em setembro, durante a Assembleia Geral da ONU, em Nova York. No evento, Trump afirmou ter tido uma “química excelente” com o presidente brasileiro. A aproximação prosseguiu com um telefonema em outubro, no qual Lula solicitou a retirada das tarifas. Em seguida, ambos se reuniram na Malásia, quando Trump sinalizou interesse em uma negociação rápida.
Em novembro, a Casa Branca anunciou a remoção das tarifas extras de 40% para parte dos produtos agrícolas brasileiros. Entre os itens beneficiados estão café, carne bovina, petróleo, frutas e peças de aeronaves. A medida foi vista pelo governo brasileiro como um avanço, embora ainda existam setores afetados pelas restrições. O Planalto afirma que novas etapas da negociação comercial estão em curso.
Outro tema discutido no telefonema foi o combate ao crime organizado, que voltou ao centro do debate no Brasil após a megaoperação no Rio de Janeiro, em outubro, que deixou mais de 120 mortos. Lula defendeu ampliar a cooperação entre os países nessa área. Segundo o Planalto, Trump demonstrou “disposição total” para atuar em parceria e apoiar iniciativas conjuntas. Os dois presidentes devem voltar a conversar em breve.



