O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou que a Polícia Federal realize investigações complementares no inquérito que apura declarações do ex-ministro da Justiça e Segurança Pública, hoje senador Sergio Moro (União-PR), sobre uma suposta tentativa de interferência política do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) na corporação.
A decisão acolhe pedido do procurador-geral da República, Paulo Gonet, que indicou novas diligências relacionadas às apurações sobre a chamada Abin Paralela, acusada de usar a estrutura da Agência Brasileira de Inteligência para atacar autoridades, o sistema eleitoral e outras instituições públicas. Segundo Gonet, é “imprescindível verificar com maior amplitude se houve interferências ou tentativas de interferências nas investigações apontadas nos diálogos e no depoimento do ex-ministro, mediante o uso da estrutura do Estado e a obtenção clandestina de dados sensíveis”.
O procurador pediu que as investigações considerem possíveis ligações com a estrutura paralela montada na Abin e no Gabinete de Segurança Institucional (GSI). O inquérito revisita as acusações feitas por Moro à época, quando afirmou que Bolsonaro teria desrespeitado a autonomia da PF ao cobrar a demissão do então diretor-geral Maurício Valeixo e tentar nomear outro servidor para o cargo.
Em 2020, a Polícia Federal concluiu que não havia indícios mínimos de cometimento de delito por parte de Bolsonaro ou de Moro. Com a decisão de Moraes, as investigações serão retomadas com foco em esclarecer se houve qualquer interferência indevida, utilizando recursos do Estado ou dados sigilosos.