A Operação Estágio IV, que investiga um suposto esquema de desvios de recursos públicos na Secretaria de Estado da Saúde (Sesau), da Polícia Federal definiu a estrutura que era usada pelos suspeitos para as movimentações em Alagoas. Segundo a PF, Gustavo Pontes de Miranda, ex-secretário, era o Líder da organização criminosa que contava com cerca de 18 integrantes movimentando R$100 milhões da saúde.
Confira o resumo, com base no inquérito da Polícia Federal:
Gustavo Pontes de Miranda Oliveira
O secretário afastado da Saúde é, conforme a PF, o líder da organização criminosa. Utilizou o cargo para beneficiar a NOT – Núcleo de Ortopedia e Traumatologia, empresa da qual foi sócio até junho de 2023, mas sobre a qual manteve controle de fato. Autorizou credenciamento precário e pagamentos indenizatórios milionários, sendo o principal beneficiário dos recursos desviados.
Os valores ilícitos foram usados para ocultar patrimônio em nome de terceiros, especialmente da suposta amante, Andreia Araújo Cavalcante, e do filho dele, Gustavo. Também recebeu vantagens indevidas de fornecedores da Sesau, como CHMMED e NG Engenharia, favorecendo-os em contratações públicas.
Reinaldo Fernandes Júnior
Ex-sócio de Gustavo e atual administrador da NOT. Atuou como principal operador do esquema dentro da clínica, gerenciando os repasses públicos após assumir formalmente a empresa pouco antes do credenciamento.
Participava da majoração artificial de procedimentos médicos para inflar faturamento e assinava cheques usados para saques em espécie, operacionalizados por Raul, viabilizando o fluxo do dinheiro ilícito.
Andreia Araújo Cavalcante
Apontada como amante e “laranja” de Gustavo para ocultação patrimonial. Apresenta movimentação financeira incompatível com seus rendimentos. Utilizou recursos oriundos da NOT, da NG Engenharia e da CHMMED para adquirir imóveis em Brasília (R$ 1,69 milhão) e em Maceió. Ocupa cargos comissionados na Assembleia Legislativa de Alagoas e na Sesau, sem exercer efetivamente as funções, residindo em Brasília.
Luiz Dantas Vale
Servidor estadual que atuava como braço operacional do grupo, organizando logística, encontros e deslocamentos. Comprou passagens aéreas para Andreia, participou de reuniões com Gustavo e ela e intermediou a compra de imóvel para Andreia em Maceió.
Também atuava como facilitador financeiro, auxiliando na ocultação patrimonial e no transporte de valores.
Raul Pereira Lima
Funcionário de confiança de Gustavo e principal operador financeiro do esquema. Embora formalmente vinculado a órgãos públicos, atuava como motorista e assessor pessoal do secretário.
Movimentou valores muito superiores à sua renda, recebeu recursos da NOT, da CHMMED e de Reinaldo, realizou saques vultosos em espécie, pagou despesas pessoais da família de Gustavo (faculdade, veículos de luxo) e repassava valores diretamente ao líder do esquema.
José Mendes Leite Teixeira
Atuou como operador financeiro secundário, movimentando recursos ilícitos em valores incompatíveis com sua renda, auxiliando na ocultação patrimonial em favor de Gustavo.
Luciano André Costa de Almeida
Assessor especial da Sesau e partícipe do esquema de ocultação patrimonial. Efetuou transferências que totalizaram R$ 80 mil para pagamento de parcela de imóvel adquirido em nome do filho de Gustavo, em ação coordenada com José Adelson (CHMMED).
Também realizou outras transações financeiras em favor de terceiros, indicando atuação contínua como facilitador, vinculada à sua função pública.
José Adelson Maciel de Moraes
Empresário e proprietário da CHMMED. Atuou como corruptor ativo, pagando propina a Gustavo em troca de favorecimento em contratos com a Sesau.
Transferiu mais de R$ 600 mil a Andreia e Raul e quitou parcelas superiores a R$ 500 mil de imóvel em nome do filho do secretário. Simulou concorrência em contratações diretas, usando empresas de fachada ou de familiares.
Wendle Ferreira Neves
Apontado como “laranja” de José Adelson. Tornou-se formalmente proprietário da CHMMED após a saída do empresário do quadro societário, em contexto de dissimulação da real propriedade.
Representou a empresa na celebração de contratos com a Sesau, ocultando a atuação do verdadeiro beneficiário.
Luciano Neves Garcia
Empresário e dono da NG Engenharia. Atuou como corruptor ativo, sendo beneficiado por contratos emergenciais milionários com a Sesau, sem concorrência efetiva.
Realizou transferências mensais que somaram R$ 369 mil para Andreia, com descrições que indicam que os valores eram destinados a Gustavo.
Luciana de Fátima Leite Pontes de Miranda
Esposa de Gustavo. Foi beneficiária direta e indireta dos recursos desviados.
Recebeu mais de R$ 1,1 milhão da NOT, além de valores pagos à sua empresa Leite Spindola Ltda e recursos de Reinaldo. Figura com Gustavo em hipoteca do imóvel sede da NOT, reforçando o vínculo oculto do secretário com a clínica. Também ocupa cargo na Câmara dos Deputados, apesar de ser estudante de medicina.
Henrique Pereira de Lima
Irmão de Raul e gestor das propriedades rurais de Gustavo.
Recebeu recursos de Raul, Gustavo e Reinaldo, administrava fazendas do secretário e foi beneficiado com pagamentos de cartão de crédito. Também recebeu apoio financeiro para candidatura a vereador.
Aline Felix Santiago Pereira
Companheira de Henrique. Utilizada como interposta pessoa para pagamento de despesas pessoais de alto valor ligadas às fazendas de Gustavo.
Teve aproximadamente R$ 328 mil em faturas de cartão de crédito pagas por Reinaldo, a pedido de Raul.
Gustavo Pontes de Miranda Oliveira Filho
Filho do secretário, utilizado como “laranja”. Adquiriu imóvel avaliado em R$ 5,7 milhões, declarado por apenas R$ 400 mil, com parcelas pagas por empresários favorecidos e assessor da Sesau.
Teve mensalidades da faculdade pagas por Raul e constituiu empresa (pousada) no imóvel, reforçando a ocultação patrimonial.
Neurivan Calado Barbosa
Auditor estadual e um dos fundadores da NOT. Investigado por falhas ou conluio em auditorias, assinando relatórios com glosas mínimas apesar de indícios de superdimensionamento de procedimentos.
Diálogos interceptados pela PF indicam preocupação com auditorias e possível proteção à clínica.
Franklin Pedrosa de Carvalho
Médico e auditor da Sesau. Participou de todos os relatórios de auditoria da NOT, validando atendimentos possivelmente inflados.
Há indícios de omissão ou conluio, contribuindo para pagamentos indevidos.
Yuri Amaral Almeida
Gerente de Suprimentos da Sesau. Atuou no direcionamento de contratações emergenciais em favor da CHMMED.
Iniciou, instruiu e justificou dispensas de licitação, elaborou pareceres técnicos e depois foi nomeado fiscal dos contratos, em processos com fortes indícios de fraude.
Lucas Mateus Barros Monteiro
Assessor técnico da Sesau. Teve papel central em contratações emergenciais direcionadas à NG Engenharia.
Elaborou termos de referência, justificativas e atestou medições, concentrando funções estratégicas e imprimindo celeridade atípica aos processos, beneficiando empresa pagadora de propina.



