O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), defendeu que o Primeiro Comando da Capital (PCC) seja reconhecido como uma organização terrorista. Segundo ele, a facção que nasceu em São Paulo e se expandiu por todo o país já praticou atos que “impõem o terror”, como ataques a ônibus, rebeliões em presídios e atentados contra agentes da segurança pública. “Um grupo que age como o PCC agiu lá atrás tem que ser classificado como grupo terrorista”, afirmou o governador neste sábado (2), durante entrevista em Mirandópolis (SP).
Tarcísio citou os ataques de 2006, quando a facção matou 54 policiais, guardas civis e bombeiros, além de promover incêndios e ataques a delegacias, bancos e ônibus. Para ele, grupos que “barricam comunidades, impõem regras próprias e afastam o Estado” utilizam o terror como método de controle e, por isso, devem ser enquadrados como organizações terroristas. O governador argumenta que a medida endureceria penas e limitaria benefícios, como progressões de regime e indultos.
A proposta tem apoio significativo da população, segundo pesquisa Genial/Quaest divulgada pelo O Globo. No levantamento, 72% dos entrevistados no Rio de Janeiro apoiam a equiparação de facções criminosas a grupos terroristas, o número que chega a 91% entre bolsonaristas e 95% entre eleitores de direita. O debate ganhou força após a megaoperação contra o Comando Vermelho no Rio de Janeiro, que deixou 121 mortos na semana passada.
Na contramão, o governo federal evita adotar a mesma classificação. A ministra Gleisi Hoffmann (PT) acusou governadores de direita de usarem o tema para criar “divisão política” e alertou que o enquadramento pode abrir brechas para intervenções militares estrangeiras, especialmente dos Estados Unidos, na América Latina. O presidente Lula já havia manifestado na ONU preocupação semelhante, defendendo que o combate ao crime organizado seja feito dentro dos limites constitucionais e da soberania nacional.



