O Supremo Tribunal Federal (STF) rejeitou o recurso da cabeleireira Débora Rodrigues dos Santos, condenada a 14 anos de prisão pelos atos de 8 de janeiro de 2023. A decisão, assinada pelo ministro Alexandre de Moraes, manteve integralmente a sentença que a colocou entre as rés com pena mais alta pelas invasões e depredações contra os edifícios-sede dos Três Poderes, em Brasília.
A defesa de Débora alegava que sua conduta teria caráter simbólico, não criminoso, já que ela escreveu a frase “Perdeu, mané” na estátua da Justiça, em frente ao STF, usando batom. O argumento, porém, não foi aceito, e o gesto foi enquadrado como parte de um ataque coordenado contra as instituições democráticas, integrando o contexto dos crimes cometidos no 8 de Janeiro.
No recurso, os advogados também pediam a redução da pena com base em votos divergentes de ministros como Luiz Fux e Cristiano Zanin, que discordaram apenas da dosimetria, mas não da condenação. Moraes rejeitou a solicitação, ressaltando que o chamado “embargo infringente” só é cabível quando há ao menos dois votos pela absolvição, o que não ocorreu nesse julgamento.
A frase pichada por Débora ganhou repercussão imediata por remeter a uma fala do atual presidente do STF, Luís Roberto Barroso, que, em 2022, respondeu a um apoiador de Jair Bolsonaro nos Estados Unidos com a mesma expressão. O episódio conferiu notoriedade à ré, que passou a ser retratada por parte da oposição como uma espécie de mártir do 8 de Janeiro, numa tentativa de minimizar o impacto político das condenações mais duras impostas pela Corte.
Maceió, 10 de setembro de 2025
