O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) trabalha para organizar, ainda em setembro, um encontro virtual de líderes do Brics. A iniciativa busca articular uma resposta conjunta ao aumento de tarifas anunciado por Donald Trump e avançar nas discussões sobre uma reforma estrutural da Organização Mundial do Comércio (OMC). O governo brasileiro tenta viabilizar a reunião já na próxima semana, dependendo da agenda dos demais chefes de Estado.
A intenção é reunir o maior número possível de líderes, incluindo Xi Jinping (China), Narendra Modi (Índia), Cyril Ramaphosa (África do Sul) e Vladimir Putin (Rússia), além dos integrantes mais recentes do bloco, como Arábia Saudita, Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia, Indonésia e Irã. Nos últimos dias, Lula conversou individualmente por telefone com Xi, Modi e Putin, além de líderes de fora do grupo, como o presidente francês Emmanuel Macron e a mexicana Claudia Scheinbaum.
Segundo o chanceler Mauro Vieira, o Brasil tem conduzido conversas com países afetados pelas medidas tarifárias dos Estados Unidos. Ele destacou a preocupação com o enfraquecimento do sistema multilateral de comércio e a necessidade de uma “refundação” da OMC em bases mais modernas e flexíveis. O tema ganhou ainda mais força após a cúpula do Brics realizada no Rio de Janeiro, em julho, quando o bloco criticou medidas protecionistas, mas evitou um discurso de enfrentamento direto aos EUA.
Paralelamente, o governo brasileiro busca ampliar acordos comerciais fora do eixo norte-americano. Em agosto, foi anunciada a retomada das negociações para um tratado de livre comércio entre Mercosul e Canadá. O vice-presidente Geraldo Alckmin também tem desempenhado papel ativo: esteve no México recentemente para reforçar laços econômicos e deve viajar à Índia em breve com o mesmo objetivo.
Maceió, 2 de setembro de 2025
